terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A frugalidade e a constituição de património


No outro dia ouvia um casal pobre a contar uma história de que tinham ido trabalhar para casa de um outro casal rico e que mesmo apesar de serem muito ricos não lhes tinham dado nada adicional além do pagamento previsto, e em suma disseram que os ricos eram uns sovinas e pouco generosos.

Todos os presentes concordaram e contaram outros exemplo, tudo isto a reforçarem cada vez mais ao grupo a ideia de que os ricos são avarentos, egoístas e tudo mais. O que os pobres fazem constantemente é reforçar as suas crenças pobres uns aos outros.

Sorri, mas não me pronunciei, eu teria normalmente concordado de imediato com o facto há uns tempos atrás e provavelmente adicionava mais desinformação há pobre conversa, mas depois de ter lido imensa coisa (que ainda estou a digerir) sobre a constituição de riqueza começo a vislumbrar coisas de uma outra perspectiva. 

Para dizer a verdade, nesse momento não só me senti triste, mas senti também que estava no bom caminho ao não me fazer qualquer sentido as criticas lançadas a terceiros. Era mesmo conversa de pobre, pensei eu...

Inúmeras são as histórias de gente rica que vive de uma forma frugal, em que toma todas as decisões financeiras com extrema cautela e que nada desperdiçam ou esbanjam 1 cêntimo. Viver de forma frugal é tentar fazer contenção financeira e pensar a longo prazo. Um euro hoje pode vir a ser 10 euros amanhã.

Com isto não quero dizer que todos os ricos sejam pessoas pouco generosas ou avarentas, muito pelo contrário, mas sim identifiquei ser esse um dos traços de alguns deles. Por vezes levado ao extremo os seus hábitos prudentes de consumo contribuíram algum valor para o todo.

Quando faço contas há vida penso nos milhares de euros gastos insensatamente em coisas que não só não acrescentam qualquer valor, como são simultaneamente bens perecíveis e de gratificação imediata. 

Dando um exemplo muito prático do meu raciocínio, um outro dia eu e a minha namorada andávamos a ver uma prenda para um recém nascido de um casal amigo nosso, ao que foi sugerido prontamente uma roupa. 

Pensei um pouco e contestei a opção com o argumento de que a roupa vai ser usada por um período de tempo mesmo muito curto (por ser bebé) e por mais bonita ou emocional que seja a compra, o preço da mesma face há utilização útil que vai ser dada é um absurdo. 

Face a isso sugeri comprar um cobertor ou mantinha de luxo, de qualidade, pois recordo-me de eu próprio usar uma dessas mantinhas quentinhas ainda até ser quase um adulto. Isto sim é uma compra não perecível ao tempo ou pelos menos com um tempo de vida bastante alargado. Mesmo tendo gasto mais algum dinheiro estou ainda hoje convicto de que foi uma boa compra.



A questão por vezes não está no valor que se está a gastar, mas sim perceber se a mesma tem alguma utilidade justificável ou se atravesso um espaço temporal alargado o suficiente para ter valor. Como utilidade justificável remeto para tudo o que não constituirá património no futuro, mas a sua aquisição cumpre uma função ou satisfaz uma necessidade concreta mesmo que seja de pouca duração.

Outro exemplo prático é o caso do perfume Vs Joias, que de momento e na minha opinião o perfume não é uma compra desastrosa se for de marca branca, mas a verdade é que pouco tempo a leva, enquanto por exemplo uma joia mesmo que mais cara pode mesmo atravessar gerações e ganhar valor com o tempo... A isto chamo constituir património, e se tentar pensar que património tenho chegado a algumas tristes conclusões como é o facto de que muita coisa de que comprei foi apenas coisa do momento, está obsoleto, danificado, desapareceu ou foi mesmo para o lixo. 

Como li num livro, o pobre alega que merece a recompensa, que trabalhou e por isso deve gozar a vida, a sua gratificação imediata é o motivo pelo qual não acrescenta valor a si mesmo, etc. 

Eu acredito sim que devemos gozar bem a vida, fazer uso de tudo de bom que ela tem, mas que no meio de tudo o que nos rodeia pelo mesmo que em alguns temas tenhamos a lucidez para resistir a algumas tentações consumistas e pensar no quanto irá valer no futuro aquilo que vamos comprar no agora.

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